É comum que muitas pessoas confundam os erros refrativos – miopia, hipermetropia, presbiopia e astigmatismo – com doenças oculares. Entretanto, essas condições não são enfermidades que acometem os olhos, mas sim erros refrativos que podem ser facilmente corrigidos com diferentes abordagens terapêuticas.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), atualmente, apontam que cerca de 285 milhões de pessoas no mundo têm a visão prejudicadada. No Brasil, o último Censo Demográfico (IBGE 2010) identificou mais de 35 milhões de pessoas com algum grau de dificuldade visual. Neste cenário, de acordo com a OMS, são os erros refrativos não corrigidos a principal causa de cegueira e incapacidade visual.
No Brasil, segundo dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), cerca de 33 milhões de brasileiros possuem alguma falha de refração e necessitam de correção visual. A miopia, dentre os erros refrativos, é a condição ocular que mais acomete as pessoas, e ela pode vir associada a um certo grau de astigmatismo.
Miopia é um erro refrativo que tem como sintoma principal não poder ver objetos que estão perto, mas conseguir enxergar claramente os objetos que estão longe. Já o Astigmatismo provoca distorções e falta de foco nas imagens, provocando uma visão embaçada.
Entendendo o que é o astigmatismo
O astigmatismo é um problema refrativo que afeta a forma como os raios de luz são focados na retina, resultando em visão desfocada ou distorcida, tanto de perto quanto de longe. A condição ocorre devido à curvatura irregular da córnea ou do cristalino, que faz com que a luz se disperse em vários pontos na retina, em vez de se concentrar em um único ponto.
Embora possa surgir isoladamente, o astigmatismo frequentemente está associado a outras condições visuais, como a miopia (dificuldade de enxergar à distância) ou a hipermetropia (dificuldade de enxergar de perto). Esta condição pode ser congênita, ou seja, presente desde o nascimento, ou desenvolver-se ao longo da vida devido a diversos fatores, exigindo uma avaliação oftalmológica completa para um diagnóstico preciso.
Causas do astigmatismo
O astigmatismo é, na maioria dos casos, um erro refrativo hereditário que está presente desde o nascimento. Ele ocorre porque a córnea, que normalmente deve ter uma forma arredondada como uma esfera, apresenta uma curvatura mais acentuada em algumas áreas. Esse formato irregular impede que a luz seja focada corretamente na retina. Porém, em alguns casos, a condição pode se desenvolver após lesões oculares, cirurgias, ou ainda, devido a condições como o ceratocone, uma doença degenerativa que altera a forma da córnea.
Sintomas e diagnóstico da condição ocular
Os sintomas do astigmatismo variam conforme a gravidade, mas os mais comuns incluem:
- Visão embaçada ou distorcida, tanto de perto quanto de longe;
- Dores de cabeça frequentes;
- Fadiga ocular, especialmente após ler ou usar dispositivos eletrônicos por longos períodos;
- Dificuldade para focar em detalhes;
- Sensibilidade à luz (fotofobia);
- Necessidade de apertar os olhos para enxergar melhor.
Importante destacar que em crianças o astigmatismo não corrigido pode prejudicar o seu desempenho escolar e desenvolvimento da visão, uma vez que elas podem ter dificuldade em identificar e informar os problemas visuais. Por isso, exames oftalmológicos regulares são essenciais já desde a infância.
Quanto ao diagnóstico do astigmatismo, ele é feito por um oftalmologista por meio de exames que avaliam a curvatura da córnea e a capacidade de foco dos olhos. Entre os exames mais utilizados para isso estão:
- Exame de refração: identifica o grau de erro refrativo;
- Topografia e tomografia corneana: mapeiam a superfície da córnea, identificando irregularidades;
- Ceratometria: mede a curvatura da córnea para determinar o tipo e a gravidade do astigmatismo.
Tratamentos possíveis
Existem diferentes formas de tratamento para corrigir o astigmatismo, e a escolha vai depender da gravidade do caso e das necessidades individuais. Entretanto, os tratamentos costumam ser:
- Uso de óculos: são a solução mais simples e comum, com lentes específicas que compensam as irregularidades da córnea;
- Uso de lentes de contato: podem ser rígidas ou tóricas, estas últimas especialmente desenvolvidas para corrigir o astigmatismo;
- Cirurgia refrativa: procedimentos como o LASIK e PRK remodelam a córnea, oferecendo uma solução permanente;
- Uso de lentes intraoculares: utilizadas em casos específicos, como após a remoção do cristalino na cirurgia de catarata.
Prevenção e cuidados
Embora não exista uma forma garantida de prevenir o astigmatismo, manter hábitos saudáveis pode ajudar a preservar a saúde ocular. Entre eles pode-se citar:
- Realizar exames oftalmológicos regulares;
- Utilizar óculos ou lentes de contato de acordo com a prescrição médica;
- Fazer pausas ao usar telas eletrônicas para evitar fadiga ocular;
- Proteger os olhos de lesões e do excesso de luz solar com óculos apropriados.
Felizmente, o astigmatismo é uma condição comum e tratável. Porém, quando não corrigido, pode comprometer significativamente a qualidade de vida do indivíduo, causando desconforto e problemas na visão. Sendo assim, a detecção precoce deste erro refrativo é essencial para evitar complicações e garantir que a pessoa tenha uma visão nítida e confortável. Seja por meio de óculos, lentes de contato ou intervenções cirúrgicas, existem soluções eficazes que podem restaurar a visão e melhorar o bem-estar.
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