A adaptação de lentes de contato é um processo contínuo e dinâmico que deve ser realizado exclusivamente com o acompanhamento de um oftalmologista, garantindo segurança, conforto e eficácia na correção visual. Existem diferentes formas de facilitar esse momento, mas cada profissional estabelecerá uma rotina que considere as características não só do material da lente como também das condições do olho do paciente.
Muitas pessoas subestimam a complexidade desse procedimento, acreditando que basta escolher uma lente com o grau correto. No entanto, fatores como tipo de lente, curvatura, material, tempo de uso e saúde ocular são determinantes para o sucesso do uso das lentes.
A importância do acompanhamento oftalmológico
Antes de usar lentes de contato, é fundamental passar por uma avaliação oftalmológica completa, que inclui:
- Medição precisa do grau refrativo (miopia, hipermetropia, astigmatismo ou presbiopia);
- Análise da curvatura da córnea (ceratometria) para determinar o modelo adequado;
- Avaliação da produção lacrimal (teste de lágrima) para evitar olho seco;
- Exame da saúde ocular (descarte de infecções, ceratocone ou outras condições que contraindiquem o uso).
Um erro comum é comprar lentes sem prescrição, o que pode levar a complicações como úlceras de córnea, alergias, irritações e até perda de visão.
Tipos de lentes de contato e sua adaptação
Existem diferentes tipos de lentes, cada uma com características específicas:
1) Lentes rígidas gás-permeáveis (RGP): indicadas em córneas regulares se miopia, hipermetropia e astigmatismo ou em córneas irregulares como ceratocone, astigmatismo irregular pós-trauma ou cirurgias; oferecem alta oxigenação e durabilidade, mas exigem um período de adaptação mais longo (podem causar desconforto inicial);
2) Lentes gelatinosas (hidrofílicas): indicadas em córneas regulares se miopia, hipermetropia e astigmatismo. São mais confortáveis e fáceis de adaptar; boa para iniciantes e uso diário; podem ser descartáveis (diárias, mensais) ou de uso prolongado;
3) Lentes esclerais: indicadas em córneas regulares se miopia, hipermetropia e astigmatismo e em casos de córneas irregulares ou olho seco severo; maior estabilidade e conforto por repousarem na esclera (parte branca do olho);
4) Lentes gelatinosas tóricas (para astigmatismo): possuem design especial para corrigir a visão distorcida; exigem ajuste preciso pelo oftalmologista para não girar no olho;
5) Lentes multifocais gelatinosas ou rígidas: indicadas em caso de erro de refração para longe associado à presbiopia.
As lentes rígidas podem ser personalizadas no desenho para melhor adaptação caso a caso.
O processo de adaptação de lentes de contato
É importante lembrar que a adaptação não se resume apenas a colocar as lentes de contato. Ela envolve:
- Seleção personalizada – o oftalmologista escolhe o material, curvatura e diâmetro ideais;
- Teste de lente de prova – o paciente testa no consultório, onde o médico avalia o padrão da lente no olho e o paciente avalia conforto e acuidade visual;
- Avaliação da movimentação, padrão fluoresceínico e centralização – verifica-se se a lente se ajusta corretamente à córnea;
- Instruções de uso e higiene – o médico ensina como manusear, limpar e armazenar as lentes;
- Acompanhamento pós-adaptação – retornos periódicos para verificar tolerância e saúde ocular.
Possíveis dificuldades e como superá-las
Algumas pessoas, durante a fase de adaptação, sentem:
- Sensação de corpo estranho (normal nos primeiros dias);
- Olho seco (pode exigir colírios lubrificantes);
- Fotofobia (geralmente temporária).
- Flutuação da acuidade visual.
Entretanto, se os sintomas persistirem, o médico oftalmologista pode ajustar o tipo de lente ou prescrever tratamentos complementares.
Cuidados essenciais para usuários de lentes de contato
O mau uso das lentes pode, certamente, levar a algum tipo de complicação ocular. Por isso, uma vez tomada a decisão de usar lentes de contato, esteja atento para não cometer alguns erros bastante comuns.
Cuidados necessários:
- Fazer a adaptação em consultórios oftalmológicos. Sem a ajuda médica, você coloca em risco a sua saúde visual;
- Fazer a assepsia adequada das mãos, do estojo e das lentes antes de usá-las;
- Nunca dormir com as lentes, a menos que sejam específicas para uso prolongado;
- Trocar as lentes no prazo recomendado pelo médico, ou seja, não estender o uso além do período indicado. Além disso, descarte-as dentro do período recomendado pelo fabricante;
- Usar soluções de limpeza adequadas. Não lave as lentes de contato com água ou soro fisiológico comum, pois isso não limpa nem retira os depósitos de proteínas das lentes, deixando-as mais sujas, contaminadas e menos confortáveis;
- Evitar contato com água (piscina, mar e chuveiro podem causar infecções);
- Fazer exames regulares é extremamente importante. Mesmo sem sintomas, deve-se monitorar a saúde ocular;
- Não desconsiderar sintomas de dor, irritação ou outros durante o uso de lentes de contato. Procure o oftalmologista!
Lembre-se, a adaptação de lentes de contato deve ser personalizada e supervisionada por um oftalmologista para evitar complicações. Quando bem indicadas e usadas corretamente, elas oferecem liberdade, conforto e qualidade visual superior aos óculos. No entanto, negligência nos cuidados pode levar a infecções graves e danos permanentes à visão.
Portanto, seguir as orientações médicas e manter acompanhamento regular são passos essenciais para quem deseja usufruir dos benefícios das lentes de contato com segurança.
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