A primavera, com sua maior concentração de pólen, poeira e alérgenos no ar, é um período crítico para o agravamento da Conjuntivite Vernal (Ceratoconjuntivite Vernal), ou “conjuntivite primaveril”, como é conhecida popularmente. Esta é uma doença alérgica ocular que afeta principalmente crianças e jovens em regiões quentes e secas.
Na primavera, os sintomas — como coceira intensa, lacrimejamento, fotofobia e formação de papilas gigantes na conjuntiva — tendem a piorar, exigindo controle ambiental rigoroso e tratamento medicamentoso para prevenir complicações, como úlceras de córnea.
Neste artigo, você vai entender não só as particularidades que envolvem esse tipo de conjuntivite, como seus sintomas, tipos e formas de tratamento, e também por que agir rapidamente faz toda a diferença para o prognóstico visual do paciente.
O que é Conjuntivite Vernal?
A Conjuntivite Vernal (CV) é uma doença inflamatória crônica, grave, mediada por IgE. Ela afeta principalmente crianças e jovens, sendo mais comum em homens entre 5 a 20 anos. A condição costuma melhorar com a idade, mas, em alguns casos, persiste na vida adulta, especialmente em pacientes com histórico de atopia (rinite, asma ou dermatite).
Essa forma de conjuntivite normalmente reaparece a cada primavera, em regiões quentes e secas, e desaparece no outono e inverno. Em casos graves, pode evoluir para a formação de Úlceras Vernais (3 a 11% dos pacientes), comprometendo a córnea e a visão, causando dor e aumento da fotofobia. Outras alterações corneanas, como por exemplo placas centrais e depósitos límbicos brancos de eosinófilos (pontos de Horner-Trantas), podem ser vistos.
Seu diagnóstico pode ser feito de forma clínica (baseado em sintomas e achados oftalmológicos), por citologia de raspado conjuntival que analisa a presença de eosinófilos (marcador de alergia) e por testes alérgicos, para identificação de alérgenos desencadeantes.
Já o prognóstico da condição aponta que ela é autolimitada, na maioria dos casos, pois melhora após a puberdade; pode haver risco de sequelas, se houver úlceras recorrentes (leucoma, astigmatismo irregular) e, no caso de pacientes com atopia grave, pode haver recidivas na vida adulta.

Classificação clínica da Conjuntivite Vernal
A Conjuntivite Vernal pode se manifestar em três formas principais:
1. Forma Palpebral: envolve a conjuntiva tarsal superior. Há uma estreita associação entre a conjuntiva inflamada e o epitélio da córnea, frequentemente levando a uma doença corneana significativa. Características:
- Papilas gigantes (“cobblestone”) na conjuntiva tarsal superior;
- Secreção mucoide espessa (fio de muco característico);
- Prurido intenso, fotofobia e lacrimejamento.
2. Forma Limbal (Bulbar): geralmente afeta a conjuntiva bulbar na área palpebral e costuma afetar as populações negra e asiática. Características:
- Nódulos gelatinosos próximos ao limbo (margem corneoescleral);
- Manchas de Horner-Trantas (pontos brancos de eosinófilos degenerados);
- Mais comum em pacientes de pele escura.
3. Forma Mista: combinação das formas palpebral e limbal.
Complicações da Úlcera Vernal
A Úlcera Vernal (Úlcera de córnea), pode apresentar diversas complicações se não for tratada adequadamente. As complicações mais comuns incluem:
- Úlcera em “escudo” (shield ulcer): lesão ovalada na região superior da córnea, com base inflamatória;
- Placa vernal: o acúmulo de fibrina e muco sobre a úlcera, dificulta a cicatrização e pode levar a opacidades na córnea (leucomas), que podem causar visão turva ou perda da visão;
- Risco de infecção secundária (bacteriana ou fúngica): a Úlcera Vernal pode ser infectada por bactérias ou fungos, o que pode levar a uma inflamação mais grave e danos adicionais à córnea.
Tratamento da Conjuntivite e da Úlcera Vernal
O tratamento da Conjuntivite Vernal e da Úlcera Vernal depende da extensão e da gravidade da doença. Além disso, o manejo pode variar de conservador a intervenções cirúrgicas.
1. Controle Ambiental e Medidas Gerais: considerado conservador, é a primeira etapa no manejo de pacientes.
- Evitar alérgenos (poeira, pólen, animais).
- Usar óculos escuros para reduzir fotofobia.
- Aplicar compressas frias para alívio sintomático.
- Higienizar com frequência lençóis e toalhas.
- Retirar cortinas, tapetes, bichos de pelúcia, almofadas e objetos que possam acumular poeira.
- Tomar banho de rotina antes de dormir.
- Usar sempre roupas limpas.
2. Tratamento Farmacológico: outra forma de terapia conservadora é o uso de medicamentos que incluem:
a) Antialérgicos de dupla-ação: anti-histamínicos e estabilizadores de mastócitos em casos de gravidade moderada, como cetotifeno, olopatadina, alcaftadina e epinastina;
b) Corticóides tópicos: uso de esteróides de baixa absorção como fluormetolona, loteprednol e rimexolona são alternativas seguras. Já os casos graves podem necessitar de esteróides mais potentes como o acetato de prednisolona e dexametasona. Tais medicações requerem redução rápida e monitoramento rigoroso da pressão intraocular. É importante evitar o uso prolongado (risco de glaucoma e catarata);
c) Imunomoduladores tópicos: para os pacientes com episódios recorrentes, agentes poupadores de esteróides são uma alternativa melhor. Entre eles, ciclosporina e tacrolimus são os mais comumente usados nessa classe. Agem diminuindo as citocinas inflamatórias;
d) Cirurgia para conjuntivite vernal: intervenções cirúrgicas são incomuns, pois a maioria dos casos responde bem aos tratamentos conservadores. A cirurgia só é considerada em casos graves e persistentes, que não respondem ao tratamento clínico. As opções cirúrgicas incluem a remoção de papilas tarsais, debridamento da base das úlceras em escudo ou transplante de córnea em casos extremos de sequelas corneanas.

A Conjuntivite Vernal, portanto, é uma doença alérgica ocular grave, com potencial para causar úlceras corneanas e comprometimento visual. O tratamento exige abordagem multidisciplinar, incluindo controle ambiental, terapia medicamentosa e acompanhamento oftalmológico rigoroso. Porém, o diagnóstico precoce e o manejo adequado continuam sendo essenciais para prevenir complicações irreversíveis!
Vamos cuidar disso juntos?
Com anos de experiência, meu foco é ajudar os pacientes a VEREM o mundo da melhor maneira possível por meio de tratamentos modernos e de acordo com cada particularidade. Vamos agendar uma consulta e entender como podemos cuidar da sua saúde?
UNIDADE ZONA NORTE
AV. CARLOS GOMES, 700 CJ. 301 – PORTO ALEGRE
WHATSAPP CLÍNICA OCULAR: (51) 99548 5666
TELEFONE FIXO CLÍNICA OCULAR: (51) 32731134
UNIDADE ZONA SUL
AV. DIÁRIO DE NOTÍCIAS, 200 SALA 1007
ED. CRISTAL TOWER BARRA SHOPPING SUL
WHATSAPP CLÍNICA OCULAR: (51) 99861 2140
TELEFONE FIXO CLÍNICA OCULAR: (51) 2312.22.38