Estudos apontam que não só a causa mais comum de deficiência visual no mundo são os erros de refração como também que sua prevalência tem aumentado desde a pandemia do coronavírus em 2019 (COVID-19). Isso se deve, possivelmente, ao aumento de atividades estudantis à distância, como as aulas online, e ao uso excessivo de dispositivos eletrônicos.
Em crianças e jovens, os erros de refração (miopia, astigmatismo e hipermetropia), quando não corrigidos, provocam um efeito profundo em seu desenvolvimento geral. Suas consequências no desenvolvimento educacional e psicossocial são extremamente preocupantes e merecem atenção, considerando, especialmente, o fato de que os pequenos em idade escolar nem sempre têm consciência de sua dificuldade visual, retardando o tratamento adequado.
Mas o que são erros de refração?
Os erros de refração (ametropias) são distúrbios oculares que impedem a focalização adequada da luz na retina, resultando em visão borrada. Eles são causados por uma incompatibilidade entre o poder de refração combinado da córnea e da lente do olho e o comprimento axial do globo ocular.
Eles são muito frequentes em crianças, adolescentes e jovens adultos, podendo interferir no desempenho escolar, no uso de dispositivos digitais e até mesmo na prática de esportes. Entre suas causas, embora ainda não exatas, estão o crescimento, os fatores hereditários e ambientais.
Os principais erros de refração em crianças e jovens incluem miopia, hipermetropia e astigmatismo.
1. Miopia

A miopia é o erro de refração mais comum em jovens na faixa etária de 6 a 15 anos, caracterizado pela dificuldade em enxergar objetos distantes com clareza, enquanto a visão de perto permanece nítida. Isso ocorre porque o globo ocular é mais alongado ou a córnea tem uma curvatura acentuada, fazendo com que a luz seja focalizada antes da retina. Entre as possíveis causas para essa prevalência estão o aumento do tempo em ambientes fechados e o uso de dispositivos digitais.
Conforme estudo publicado na Revista Britânica de Oftalmologia 2025, houve um aumento significativo na prevalência de miopia entre crianças e adolescentes nos últimos 30 anos — de 24% em 1990 para quase 36% em 2023. Além disso, as projeções indicam que possa atingir 36,59% em 2040 e 39,80% em 2050. Certamente, dados preocupantes quanto à saúde ocular das novas gerações.
Causas e fatores de risco:
- Fatores genéticos (histórico familiar de miopia);
- Ambiente: uso excessivo de telas e poucas atividades ao ar livre;
- Leitura prolongada sem intervalos.
Impacto nos jovens: dificuldade para enxergar o quadro na escola, dores de cabeça e fadiga ocular, necessidade de sentar mais perto da TV ou do computador.
2. Hipermetropia
Outro erro de refração bastante comum é a hipermetropia. Ela ocorre quando o globo ocular é mais curto ou a córnea é muito plana, fazendo com que a luz seja focalizada atrás da retina. Crianças e jovens que têm a condição na forma leve podem conseguir enxergar com clareza se o cristalino for flexível o suficiente para refocalizar corretamente a luz na retina.
No entanto, com a idade, o cristalino sofre esclerose e perde lentamente a capacidade de acomodação, levando a maior dificuldade para enxergar claramente objetos próximos e, também, dificultando ver objetos distantes que ficam mais embaçados na meia-luz ou penumbra. Muitas crianças hipermetropes podem não apresentar sintomas imediatos, mas, se não corrigida, a condição pode levar a estrabismo ou ambliopia (“olho preguiçoso”).
Frequentemente, a hipermetropia em crianças melhora com o tempo. Isso significa que algumas são menos hipermetropes na pré-adolescência e no início da adolescência do que eram na primeira infância.

Causas e fatores de risco:
- Hereditariedade;
- Envelhecimento.
Impacto nos jovens: dificuldade na leitura e escrita, cansaço visual e ardência nos olhos, desconforto ao usar computadores ou celulares.
3. Astigmatismo
O astigmatismo é causado por uma irregularidade na curvatura da córnea ou do cristalino, resultando em visão distorcida tanto para perto quanto para longe. Geralmente, a estrutura corneana tem o formato de domo, como o topo de uma bola de basquete. Porém, com a condição ela se parece com uma bola de futebol. Isso muda a maneira como se dá a entrada da luz no olho e faz com que objetos próximos e distantes pareçam turvos.
Uma criança pode ter astigmatismo em um ou ambos os olhos. A condição é comum em bebês, mas geralmente desaparece sozinha quando completam um ano de idade. Importante destacar que crianças com miopia ou hipermetropia têm mais probabilidade de ter astigmatismo.
Quando não diagnosticado o astigmatismo, crianças e jovens podem ter dificuldades na escola, o que professores ou pais podem interpretar erroneamente como um sinal de deficiência de aprendizagem .
Causas e fatores de risco:
- Fatores congênitos (presente desde o nascimento);
- Traumas oculares ou cirurgias prévias;
- Ceratocone (doença que deforma a córnea).
Impacto nos jovens: visão borrada ou dupla, dificuldade para enxergar à noite, dores de cabeça após esforço visual, fadiga.

Os erros de refração são extremamente comuns em crianças e jovens. Eles podem afetar significativamente o desempenho acadêmico, a produtividade e a qualidade de vida dos pacientes.
Sendo assim, o diagnóstico precoce por meio de exames oftalmológicos regulares é essencial para garantir a correção adequada com óculos, lentes de contato ou, em alguns casos, cirurgia.
Além disso, medidas como reduzir o tempo de tela, fazer pausas durante estudos e aumentar a exposição à luz natural podem ajudar a prevenir a progressão de alguns desses problemas visuais.
Vamos cuidar disso juntos?
Com anos de experiência, meu foco é ajudar os pacientes a VEREM o mundo da melhor maneira possível por meio de tratamentos modernos e de acordo com cada particularidade. Vamos agendar uma consulta e entender como podemos cuidar da sua saúde?