UMA AMEAÇA À VISÃO QUE EXIGE ATENÇÃO IMEDIATA
A infecção pelo vírus varicella-zóster (VZV), o mesmo que causa a catapora, costuma ocorrer com maior frequência na infância. Ela se espalha por via aérea, por meio de gotículas e pelo contato. No caso do herpes-zóster, ocorre uma reativação do VZV latente dentro de um gânglio nervoso sensorial, que frequentemente se apresenta décadas após a infecção inicial.
Quando atinge os olhos, é conhecido como Herpes Zóster Oftálmico (HZO). Este é considerado uma condição médica grave que ocorre quando o vírus Varicella-Zoster é reativado no nervo craniano trigêmeo, especificamente em seu ramo oftálmico. Esta reativação causa uma erupção cutânea muito dolorosa e com bolhas que podem afetar a testa, a pálpebra superior e, de forma mais perigosa, as estruturas internas do olho.
Embora o diagnóstico não indique necessariamente envolvimento visual, a doença ocular se desenvolve em aproximadamente 50% dos casos. As manifestações clínicas variam de erupções cutâneas dolorosas no dermátomo oftálmico a complicações intraoculares e orbitais graves, incluindo ceratite, uveíte, esclerite, retinite e neuropatia óptica. Porém, devido ao alto risco de perda de visão, se não for prontamente diagnosticado e tratado, é considerado uma emergência oftalmológica.
Causas e fatores de risco
Conforme afirmamos anteriormente, a causa fundamental do Herpes Zóster é a reativação do vírus Varicella-Zoster, que permanece latente nos gânglios nervosos após uma infecção primária de catapora. O principal fator de risco para que isso ocorra é o envelhecimento do sistema imunológico, dessa maneira sendo mais comum seu aparecimento em indivíduos acima de 50 anos.
No entanto, qualquer condição que leve à imunossupressão pode “acordar” o vírus, incluindo:
- Estresse físico ou emocional intenso, além de traumas;
- Doenças crônicas, como HIV/AIDS ou câncer, ou ainda transplante de órgãos por exemplo;
- Tratamentos com quimioterapia ou radioterapia;
- Uso prolongado de corticosteroides ou medicamentos imunossupressores;
- Lacunas na vacinação contra a varicela ou o herpes zoster.
Sintomas e apresentação clínica
O Herpes Zóster Oftálmico geralmente se anuncia com uma fase prodrômica, que precede o surgimento das lesões cutâneas. Nesta etapa, o paciente pode experimentar febre, mal-estar, dor de cabeça e uma sensação de queimação, formigamento ou dor aguda em um lado do rosto, especificamente na região da testa e ao redor do olho.

Dias depois, surge a característica erupção cutânea: uma faixa de vesículas (pequenas bolhas) cheias de líquido, que seguem o trajeto do nervo na testa, pálpebra superior e, por vezes, no nariz. Um sinal de extrema importância é o sinal de Hutchinson ( aparecimento de vesículas na ponta, laterais ou raiz do nariz). Este indica o envolvimento do ramo nasociliar do nervo oftálmico e é um forte preditor de complicações oculares.
Vale destacar que as pessoas podem desenvolver dor após a erupção cutânea ter se resolvido, chamada neuralgia pós-herpética.
Quando o olho é afetado, os sintomas podem incluir:
- Olho vermelho e irritado;
- Dor ocular e sensibilidade à luz (fotofobia);
- Córnea infectada e inflamada, com sensação de dormência;
- Visão turva ou embaçada;
- Lacrimejamento excessivo;
- Pressão intraocular pode aumentar;
- Inchaço (edema) das pálpebras.
Complicações oculares graves
O grande perigo do HZO reside nas suas complicações, que podem surgir durante a fase aguda ou meses e até anos depois. As estruturas oculares mais comumente afetadas são:
Córnea: a replicação viral direta e as respostas imunomediadas causam ceratite epitelial, estromal e disciforme e eventual ceratopatia neurotrófica devido a danos nos nervos sensoriais. Esta é a complicação mais frequente. Pode causar inflamação, úlceras, perda de sensibilidade e cicatrizes que comprometem a visão permanentemente.
Úvea: a uveíte anterior ocorre quando antígenos virais estimulam uma reação imunológica, que pode ser complicada por glaucoma secundário e formação de catarata. Esta é uma condição inflamatória intraocular que causa dor, vermelhidão e visão turva.
Esclera/episclera: episclerite e esclerite são menos comuns, mas podem apresentar dor e inflamação persistentes.
Segmento posterior: em casos graves, o Herpes Zóster Oftálmico causa necrose retiniana aguda (complicação rara mas devastadora), neurite óptica (inflamação do nervo óptico) e vasculite retiniana , levando à perda irreversível da visão.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico do HZO é principalmente clínico, baseado na história do paciente e no aspecto característico da erupção. O oftalmologista realizará um exame minucioso do olho com lâmpada de fenda para avaliar o envolvimento das estruturas oculares.
O tratamento deve ser iniciado o mais rapidamente possível, idealmente dentro das primeiras 72 horas do aparecimento da erupção, para reduzir a duração da doença, a gravidade dos sintomas e o risco de complicações. Baseia-se em:
- Antivirais orais: medicamentos como Aciclovir, Valaciclovir e Famciclovir são a base do tratamento, atuando para inibir a replicação viral;
- Cuidados tópicos oculares: dependendo da estrutura afetada, colírios antivirais, corticosteróides (para controlar a inflamação, usados com extrema cautela) e lubrificantes podem ser prescritos;
- Manejo da dor: analgésicos orais são utilizados para a dor aguda. Para a Neuralgia Pós-Herpética, podem ser necessários medicamentos específicos como antidepressivos ou anticonvulsivantes.
Prevenção do Herpes Zóster Oftálmico

A principal forma de prevenção é a vacinação. A vacina contra o herpes zóster é altamente eficaz na redução do risco de desenvolvimento da doença e, principalmente, da Neuralgia Pós-Herpética.
A vacina recombinante contra herpes zoster é recomendada para adultos a partir de 50 anos e indivíduos imunocomprometidos acima dos 18 anos, mesmo para aqueles que já tiveram catapora ou um episódio de zóster anteriormente. Ela é eficaz em mais de 90% das pessoas.
Certamente, o Herpes Zóster Oftálmico é uma condição que exige respeito e ação imediata. Por isso, diante de qualquer sintoma sugestivo, especialmente dor em um lado do rosto, seguida de erupção cutânea perto do olho, a busca por atendimento médico oftalmológico é urgente e fundamental, para preservar a saúde e a função visual do paciente.
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Dra Terla Castro
Médica Oftalmologista
CRM 22717
RQE 13628
Especialista em Córnea, Cirurgia do Ceratocone, Cirurgia Refrativa, Cirurgia de Catarata, Implante de Lentes intraoculares e Lentes de Contato.
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