A sensação incômoda de estar com os olhos secos, em alguns momentos do cotidiano, não é rara para muitas pessoas, especialmente acima dos 50 anos. Entretanto, para outras tantas, isso se torna um problema contínuo o qual necessita do acompanhamento de um profissional da oftalmologia. Neste caso, provavelmente, o diagnóstico seja o da Síndrome do Olho Seco.
Entre as diversas patologias oculares que podem acometer os indivíduos está a síndrome do olho seco, também conhecida como Síndrome da Disfunção Lacrimal. Esta é uma condição crônica que ocorre quando existe a falta da produção de lágrima ou quando está alterada em algum de seus componentes. Apesar de ser um problema de baixa gravidade, merece atenção por ser muito prevalente na população. De acordo com a Associação Brasileira de Portadores de Olho Seco (Apos), entre 13 e 24% dos brasileiros, o equivalente a 18 milhões de pessoas, sofrem com a doença no Brasil, na proporção de três mulheres para cada homem.
Além disso, outro estudo realizado – Prevalência da Síndrome do Olho Seco e Principais Fatores de Risco entre Estudantes de Graduação no Brasil. Plos One 2021 – aponta que 23% dos estudantes brasileiros têm apresentado sintomas ou histórico prévio de diagnóstico da doença, também com maior incidência no sexo feminino. Entre os fatores de risco identificados na pesquisa estão tempo de uso de computador/celular, horas de sono inferiores a 6 horas, uso de contraceptivos orais e uso de lentes de contato.
Ainda que na maioria dos casos não seja algo preocupante, deve-se ficar atento à condição, pois existe uma estreita correlação entre olho seco e doenças autoimunes como Síndrome de Sjögren, artrite reumatoide, entre outras. Em casos de doenças sistêmicas associadas, o ressecamento ocular pode ser importante e capaz de causar, além de outros tantos sintomas, a baixa de visão.
Como se inicia o problema?
As origens para o olho seco podem ser diversas. A síndrome pode ocorrer por disfunção das glândulas palpebrais, chamado olho seco evaporativo, ou por redução da produção da lágrima, neste caso por vários fatores.

A Síndrome de Sjogren, por exemplo, pode determinar a redução da lágrima. No entanto, muitas outras causas podem ser os fatores desencadeadores ou agravantes da condição em pessoas pré-dispostas, como o uso de medicamentos, a menopausa, as cirurgias oculares e os fatores ambientais.
Entre as possíveis causas estão:
- Uso prolongado de computador;
- Uso excessivo de ar condicionado e ventiladores direcionados aos olhos;
- Disfunção das glândulas pálpebras (blefarites e meibomites);
- Alterações hormonais;
- Doenças sistêmicas (Diabetes Mellitus, Parkinson, Síndrome de Sjögren, Artrite Reumatoide);
- Tabagismo;
- Uso de lentes de contato;
- Medicamentos sistêmicos como anti-histamínicos, anticolinérgicos, estrogênios, isotretinoína, antagonistas seletivos do receptor de serotonina, amiodarona, ácido nicotínico;
- Medicamentos oculares – especialmente aqueles que contêm conservantes- beta bloqueadores para glaucoma;
- Deficiências nutricionais;
- Diminuição da sensibilidade da córnea;
- Cirurgia oftálmica;
- Fatores ambientais como a baixa umidade do ar e o vento, por exemplo.
Além disso, condições médicas como artrite reumatoide, diabetes, doenças da tireoide e menopausa podem aumentar o risco de desenvolver olho seco ou também interferir na intensidade do problema.
Sintomas do Olho Seco

Os sintomas do olho seco podem variar a depender do quadro geral de saúde do paciente, mas, na grande maioria dos casos, podem incluir:
- Sensação de ardor;
- Coceira;
- Vermelhidão;
- Visão turva;
- Sensibilidade à luz;
- Desconforto ao usar lentes de contato.
É importante destacar que, em casos mais graves, quando nenhuma forma de tratamento é aplicada, o olho seco pode levar a danos importantes na córnea e afetar a qualidade da visão a longo prazo.
Como amenizar os sintomas da condição ?
Diferentes abordagens podem ser aplicadas no tratamento para o olho seco. O mais adequado dependerá sempre da gravidade dos sintomas e da causa inicial identificada como origem. Somente a avaliação de um profissional poderá indicar qual o caminho a ser seguido.
O tratamento pode envolver medidas simples, como a utilização de lágrimas artificiais (colírios lubrificantes) capazes de aliviar os sintomas e manter os olhos hidratados. Também podem ser indicadas outras formas de terapia, como a obstrução das vias lacrimais para reduzir a drenagem das lágrimas, o uso de pomadas oculares durante a noite, ou até mesmo a prescrição de medicamentos anti-inflamatórios e imunomoduladores tópicos para aliviar a inflamação ocular.

Além dos tratamentos citados, vale destacar a terapia com luz pulsada e termomecânica, sabidamente eficazes quando existe disfunção das glândulas palpebrais. Ainda, investir na suplementação alimentar com Ômega 3 ajuda na redução dos sintomas oculares.
Algumas medidas simples podem ser adotadas no dia a dia para diminuir o desconforto e prevenir o olho seco:
- Uso de umidificadores de ar para manter a umidade ambiente;
- Uso de óculos de sol para proteger os olhos da exposição solar;
- Prática de pausas regulares durante a leitura ou uso prolongado de dispositivos digitais.
Por fim, é sempre importante entender o que está por trás dos sinais percebidos pelo paciente. Em casos mais complexos, o olho seco pode ser um sintoma de outras condições médicas, como artrite reumatoide, síndrome de Sjögren, diabetes, doenças da tireoide e menopausa. Nessas situações, a condição ocular ocorre como resultado de alterações no sistema imunológico, hormonal ou metabólico. É importante investigar!
Vamos cuidar disso juntos?
Com anos de experiência, meu foco é ajudar os pacientes a VEREM o mundo da melhor maneira possível por meio de tratamentos modernos e de acordo com cada particularidade. Vamos agendar uma consulta e entender como podemos cuidar da sua saúde?