Tratamento do Olho Seco
com Luz Intensa Pulsada
Sobre
A Síndrome do Olho Seco é uma condição muito frequente nos consultórios oftalmológicos. Estima-se que no Brasil, 13% da população, na proporção de três mulheres para cada homem, seja portador de olho seco. Por ser uma afecção de etiologia multifatorial, inúmeros fatores determinam as altas estatísticas.
Em primeiro lugar devido a maior longevidade da população, uma vez que a idade é um dos principais fatores envolvidos assim como sexo feminino e a menopausa. Além disso, o uso prolongado de telas, ar condicionado, lentes de contato, tabagismo, medicamentos sistêmicos como anti-hipertensivos, antidepressivos, estrógenos, antialérgicos, isotretinoína e medicamentos tópicos como betabloqueadores para glaucoma entre outros, são fatores frequentemente associados.
Vale lembrar que várias doenças sistêmicas estão ligadas ao olho seco como as doenças autoimunes (Síndrome de Sjogren, artrite reumatóide, Lupus, etc), Diabete Mellitus e Parkinson. Cirurgias oculares prévias, herpes ocular prévio e afecções que levam à alterações anatômicas das pálpebras e glândulas lacrimais são também causas de olho seco.
Mas, todas as causas citadas acima como determinantes de olho seco não são as principais indicações para o tratamento com Luz Pulsada.
Os pacientes que se beneficiam deste moderno tratamento são aqueles com disfunção das glândulas palpebrais como blefarites e meibomites. A alteração das glândulas provoca uma pior qualidade da lágrima uma vez que o componente gorduroso fica deficitário e portanto a lágrima fica mais instável, o que chamamos de Olho Seco Evaporativo.
Sintomas mais comuns
- Sensação de ardência;
- Sensação de corpo estranho;
- Coceira;
- Vermelhidão;
- Visão embaçada;
- Piora dos sintomas ao passar muito tempo lendo ou em frente a telas;
- Secreção matinal ou resíduos nos olhos;
- Intolerâncias às lentes de contato.

Formas de apresentação
Olho seco evaporativo
Causado por todas as causas de olho seco que provocam uma maior instabilidade da lágrima como as disfunções das glândulas palpebrais, mal piscar, alterações anatômicas das pálpebras, uso de telas, ar condicionado.
Olho seco por redução da produção da lágrima
Causado por doenças autoimunes, lesão de glândula lacrimal, medicamentos, causas hormonais e idade, por exemplo.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico deve ser feito através de uma avaliação detalhada da superfície ocular do paciente com uso de corantes específicos como fluoresceína e lissamina verde e teste como break up time e Shirmer a fim qualificar o tipo de olho seco e propor o melhor tratamento para o paciente.
Já o tratamento deve ser individualizado caso a caso, mas consiste basicamente em lubrificar a superfície ocular de preferência com lubrificantes sem conservantes, tratar a inflamação ocular e tratar ou eliminar o fator causal. Como a Síndrome do Olho Seco é multifatorial, cada ponto deve ser abordado: as pálpebras, a doença sistêmica, os medicamentos em uso, etc. Orientar as medidas comportamentais como a pausa frequente em frente às telas, revisar ar condicionado ou ventilador diretamente nos olhos, usar umidificadores de ambiente, ter um sono reparador, tomar líquidos frequentemente, são importantes.
A suplementação alimentar com ômega 3, ômega 6 e óleo de linhaça são sabidamente benéficos no olho seco.
É primordial nos casos moderados à avançados o uso de anti-inflamatórios e imunomoduladores tópicos, como a ciclosporina ou tacrolimus, a colocação de plugs lacrimais (para fechar a drenagem da lágrima) e com excelentes resultados a aplicação de luz pulsada em casos de blefarite associada.
Em casos ainda mais graves, a tarsorrafia lateral (fechamento parcial da abertura palpebral cirúrgico) e o uso de soro autólogo são recursos disponíveis.
Tratamento com luz pulsada
O E-Eye (IRPL®) é o primeiro e único dispositivo de luz pulsada regulada de alta intensidade (IRPL®) no mundo, especificamente projetado para o tratamento da Síndrome do Olho Seco ligada à Disfunção das Glândulas de Meibômio (DGM).
O aparelho gera sequências de pulsos uniformes e perfeitamente calibrados sobre as glândulas inativas ou obstruídas do paciente. O E-Eye emite um feixe de “luz fria” que estimula e desobstrui as Glândulas Meibomianas com total segurança e conforto, de forma minimamente invasiva. Em resposta a este estímulo, as Glândulas de Meibômio voltam a funcionar, entregando lipídios e proteínas ao filme lacrimal, evitando que este se evapore.
Além da Luz Pulsada, novos dispositivos usando calor regulado e compressão controlada foram lançados para facilitar a evacuação do meibum obstruído. O sistema Lipiflow® (TearScience Inc., Morrisville, NC) foi o primeiro desses dispositivos que usa calor para desbloquear a obstrução glandular, aumentando a temperatura das glândulas meibomianas em pacientes com DGM da superfície interna da pálpebra.
O sistema de tratamento iLux® MGD (Alcon, Fort Worth, TX, EUA) é uma nova tecnologia que aplica simultaneamente calor e compressão localizados para tratar a Disfunção das Glândulas de Meibomius com segurança e eficácia. Tem também a vantagem de ser portátil, por isso permite um controle direto da área palpebral a ser tratada e a observação da saída das glândulas meibomianas. Em um artigo recente, Tauber et al. comparou Lipiflow® e iLux® para o tratamento da Disfunção das Glândulas de Meibomius e não encontrou nenhuma diferença significativa entre as duas tecnologias.
Esse tratamento atua nas glândulas que são responsáveis pela produção de secreção que lubrificam os olhos. Sendo assim, o objetivo principal do uso de Luz Intensa Pulsada é fazer com que essa secreção lubrificante volte a sua condição normal, através da desobstrução dessas glândulas.
Importante sempre lembrar que somente o médico responsável pode prescrever os tratamentos adequados para cada caso.
Protocolo da Luz Pulsada
O tratamento é feito com três sessões ou até quatro em casos severos. Primeiro é retirado qualquer resíduo de maquiagem e após protegidas as marchinhas da face com adesivos pequenos. No momento do procedimento, é colocado um protetor ocular no paciente e aplicado um gel nas pálpebras inferiores, onde serão aplicados os flashes de luz. Portanto, não há risco de prejuízos para os olhos com o tratamento, principalmente se feito com um médico oftalmologista especializado.
Cada sessão dura 5 minutos e são feitos 5 disparos de luz em cada lado, sendo 4 nas pálpebras inferiores e 1 lateralmente próximo ao rebordo orbitário. É totalmente indolor, não necessita nenhum tipo de anestesia. Após a sessão, é feito calor local com máscara térmica especial I-RELIEF® para potencializar a ação da luz. Uma sessão de manutenção pode ser feita em 6 a 12 meses.
Os resultados costumam surgir logo após a sessão inicial e a melhora é progressiva com as demais sessões. Entretanto, é importante lembrar que o tratamento paralelo com medicações para o olho seco e para blefarite.